Lideranças do judiciário e da sociedade civil defendem representatividade feminina
Um encontro entre as cinco mulheres que ocupam, atualmente, o cargo máximo de cinco órgãos do judiciário brasileiro com empresárias referências foi a oportunidade de valorizar a presença feminina na política e na sociedade como um todo. Promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a pedido da presidente do órgão, ministra Carmén Lúcia, o seminário Elas por Elas reuniu as lideranças na manhã desta segunda-feira, 20 de julho, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Pela primeira vez na história do país, mulheres estão no comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do Superior Tribunal de Justiça (STJ), da Procuradoria-Geral da República (PGR), da Advocacia Geral da União (AGU) e do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU). Sentadas lado a lado, Rosa Weber, Laurita Vaz, Raquel Dodge, Grace Mendonça e Cristina Machado agradeceram a iniciativa da presidente do STF em promover o encontro e o trabalho desenvolvido, ao longo de anos, para construir esse cenário composto por mulheres.
Reconhecimento
Em comum, o discurso em defesa da participação da mulher na política. As representantes do Judiciário lembraram que o ingresso na vida pública se dá por meio de concurso, e, com o critério da meritocracia, as mulheres acabam tendo a oportunidade de ocupar mais espaço no poder. Elas destacaram que fica evidente a dedicação ao estudo independentemente do gênero ou raça, mas ressalvaram que o mesmo não acontece na política e no meio privado.
Ag CNMA ministra Carmén Lúcia afirmou ter consciência de que o destino do país está na mão de figuras femininas, apesar dos cargos de liderança serem “incrivelmente recentes”. Ao defender que é preciso estar presente e se fazer representar, ela chamou para as mulheres a responsabilidade de mudar a realidade. “As mulheres têm se tornando agentes de suas próprias histórias, reconhecendo que merecem mais respeito, baseadas na ideia de que todo tem direito a mesma dignidade”, comemorou. Por outro lado, a presidente do STF lamentou que, apesar de serem maioria da população, não há respeito com a dignidade humana, na essência e individualidade.
Participação política
Rosa Weber destacou os dados da participação da mulher na política, enfatizando que, por representarem 52,5% do eleitorado feminino, elas têm a chance de provocarem a mudança pelo voto. Como relatora do processo que fixou percentual mínimo de 30% do Fundo Especial para Financiamento de Campanha para as candidaturas femininas, a presidente do TSE destacou o recorde de candidatas a vice-governadoras e presidentas.
Em uma fala alinhada ao discurso do Movimento Mulheres Municipalistas (MMM), a ministra defendeu maior participação nas prefeituras e Câmaras de Vereadores, onde, geralmente, começa a vida política. O envolvimento com as instâncias iniciais é que vai permitir o aumento da presença feminina todas as esferas do governo. “Há uma verdadeira sub-representação feminina na política brasileira. Mas o número de vice, por exemplo, quebrou um recorde histórico. Em uma eleição em que o número de cotas foi aplicado também para o tempo de televisão e investimento nas campanhas eleitorais”, comemorou.
A procuradora Raquel Dodge e a ministra Laurita Vaz reforçaram o papel da colega Carmén Lúcia na luta pelas minorias e pela quebra de barreiras de gênero. Para a presidente do STF, medidas jurídicas têm sido tomadas, mas ainda não mudaram tanto o cenário político.
Ag CNMSociedade civil
Contribuíram ainda para o debate a presidente da Rede Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano; a presidente do grupo financeiro Goldman Sachs, Maria Silvia Bastos; a presidente da Rede Sarah de Hospitais, Lucia Braga; a primeira-secretária da Academia Brasileira de Letras, Ana Maria Machado; a cantora Alcione, e a sócia-fundadora da consultoria empresarial Betânia Tanure Associados, Betânia Tanure.
Como mulheres que alcançaram o destaque em outras áreas da sociedade, seja no ambiente privado, na literatura, na música ou no meio social, elas contaram suas trajetórias pessoais, relataram dificuldades e histórias de superação.
MMM
O Movimento Mulheres Municipalistas lançou durante o último encontro do grupo de trabalho cards informativos que buscam conscientizar as mulheres do papel fundamental do seu poder de voto. Os materiais gráficos contêm o percentual eleitoral de cada região e o nível de representação feminino nas prefeituras e câmara de vereadores. No Brasil, mulheres compõem 52,5% do eleitorado apto a votar, porém são apenas 11,6% prefeitas e 13,6% vereadoras.
Por: Amanda Maia
Fotos: Jefferson Viana
Da Agência CNM de Notícias